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DESAPEGO – um exercício transformador

“Tudo que é passageiro, é apenas alegoria” (R. Steiner, 2007).
Dos aprendizados que fazemos durante a vida, um, requer esforço especial-é o trabalho de uma musculatura interna, praticamente inacessível aos sentidos ou à percepção comum: trata-se do complexo e profundo movimento chamado: desapego - tarefa árdua para nós humanos, acostumados culturalmente ao “ter” como objetivo e finalidade da existência! Tão valorizado, que é ele quem mede a qualidade de vida e os índices de desenvolvimento: ter casa própria, carro, eletrodomésticos, banheiros, etc., tipifica uma boa vida ou uma vida ruim!
Esse “Ter” nem é, necessariamente, só material: ter namorado, ter filhos, ter amigos e conhecimento pode ser entendido como propriedade. Sentir-se dono, carrega sempre um lastro de poder e controle. Se observarmos (e nos observarmos) quão sedutor é o fato de se ter em mãos, o poder de “adquirir” e como isso se transforma num imenso prazer, ainda que fugaz, conseguiremos supor, o que poderá advir da inversão desse processo – “o desapegar-se”. É quase como o “não ter” ou “não ter mais”, o que pode inaugurar uma série de sentimentos e dilemas, incluindo grandes frustrações.
Quem nasce sem ter muito, talvez tenha maior resignação no ato de desapegar-se. Quem sempre teve, pode ter um pouco mais de dificuldade para pensar sua vida sem aquele bem material (casa, carro, empresa, etc.) ou mesmo eximir-se do convívio de uma pessoa, seja por decisão, morte, viagem, etc., ou não?!
De qualquer forma, o desapego tem a ver com uma nova situação; nova vida, nova geografia, nova história e por isso, tensiona, contrai, amedronta. O novo é desconhecido e nos aponta o risco que é viver! Nos obriga a abertura, flexibilização: um olhar diferente, outra direção, marco zero de novo, uma página em branco por se preencher...
É uma nova roupagem das essencialidades que pede passagem, querendo se manifestar de outras formas: trans-formar.
A vida precisa de novas visões para ganhar crescimento e progresso.
Velhas estruturas privilegiam a estagnação, limitam possibilidades.
Em sentido amplo, as diversas etapas da vida são, nada mais que breves momentos de uma extensa trajetória evolutiva. Ciclos surgem e findam continuamente.
Um bom pilar para nos apoiar nessa travessia talvez seja a confiança – palavra substantiva originada do verbo com-fé-ar: ter fé - atitude complexa e corajosa que supõe entrega, doação; um mergulho e um só ponto de segurança: o si mesmo; o apoio no próprio eu, partícula humanizadora, cedida por uma divindade, cuja sabedoria infinita nos conduz para onde devemos estar para podermos Ser. O Ser é a meta. As novas propostas e aprendizagens estarão sempre a seu serviço, até que a integralidade culmine na consciência do EU SOU! O Ter é apêndice, vem e vai; o SER é eterno e compõe o real desenvolvimento humano.
Assim, quando o “Ser” for capaz de superar o “Ter”, talvez o exercício do desapego tenha fortalecido aquela musculatura interna da alma que, em liberdade, cumpre mais uma etapa de sua missão. É a transformação dando impulso à existência.
Refletir é preciso!

Autora: Dra. Elaine Marasca Garcia da Costa – Médica pneumologista / alergologista com formação em Medicina Antroposófica e Biografia Humana, Mestre em Educação, vice-presidente da Associação Brasileira de Medicina Antroposófica, autora do livro: “Saúde se Aprende, Educação é que Cura” Ed. Antroposófica. emarasca@splicenet.com.br

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