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HUMANIZAÇÃO – PALAVRA DE ORDEM

Das grandes corporações às organizações mais simples, a palavra de ordem, o diferencial que se busca em produtos e serviços e que é ponto de convergência global, é a chamada humanização.
O que significa esse termo?
Humanizar é tornar humano, ou seja, criar processos que consiga uma identificação com as características primordiais do estado de SER Humano, aquilo que toca o que existe de único no homem, inerente ao que podemos designar por Reino Humano - Uma série de comportamentos e atitudes signatários específicos da condição humana.
A capacidade de abstração, as representações mentais, a memória sensorial como a lembrança de um perfume, uma paisagem, uma música são exclusividades humanas.
As qualidades da compaixão, a solidariedade, o altruísmo, a tolerância, a renúncia e até mesmo um sorriso são do âmbito humano por excelência.
Também se tange a condição humana quando orientamos nossas vontades e nossas decisões. Para um animal, não existe a liberdade decisória; lhe é vetado a escolha:Suas ações são guiadas pelos instintos e não há um “processo diretor” que pode optar por não matar para saciar seu instinto de fome, por exemplo.
Ao contrário, o ser humano com sua individualidade (EU) pode livremente decidir até por passar fome (como muitos o fazem até para protestar por algo). Trabalha-se essas características nas organizações afim de que funcionários e processos, integralizem ações que objetivem e priorizem o respeito e o incentivo às atitudes e condutas humanizadoras, de modo que,impregnem seus produtos e serviços com essas características, induzindo uma identificação do cliente com uma qualidade que também existe nele.
Se essa atitude é o “mot” da maioria das grandes empresas que fabricam toda sorte de produtos e serviços, o que diríamos das empresas voltadas aos serviços de saúde pública ou privadas? Não seriam essas as principais interessadas em desenvolver esse trabalho de humanização?
Fato é, que o que existe nas práticas de saúde hoje, está longe do que se poderia descrever como práticas humanizadoras. Até o Ministério da Saúde, reconhece que o expressivo desenvolvimento científico e tecnológico dos últimos anos, contrasta com as grandes limitações em se responder às complexas necessidades de saúde, seja no âmbito individual, seja no social. (Ayres, JRCM – 2001). Desde a Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde (ALMA –ATA – URSS, 1978) se chama a atenção para a crescente “desumanização” da saúde.
Busca-se hoje, uma reconstrução de novas formas de se olhar o encontro entre o terapeuta (médico, dentista, enfermeiro, etc.) e seu assistido.Fala-se em integralidade, promoção de saúde, humanização, vigilância da saúde, etc. (Czeresnia e Freitas, 2003).
Vários são os processos relacionados à reconstrução das práticas de saúde, onde a proposta-chave é a humanização da atenção à saúde (Deslandes, 2004).
Há que se avivar, por exemplo, o conceito de “cuidado” como uma série de princípios teóricos e práticos que reorganizem o foco do profissional de saúde na pessoa, no Ser global. (Há observação e o estimulo ao seu projeto de vida à sua biografia) auxiliando na construção sadia e coerente de sua identidade, criando confiança e responsabilidades mútuas.
O profissional de saúde, ao buscar uma aproximação com seus assistidos, tendo intenção real de ajudar não apenas tecnicamente, não pode prescindir de ferramentas humanizadoras como o diálogo, o cuidado, o acolhimento com esses sujeitos que são seres humanos de “carne e osso”!
Esse tal “acolhimento” que, não pode ser confundido com pronto-atendimento (Teixeira, 2003),envolve um verdadeiro interesse do terapeuta, que deverá ser bem preparado para estar imbuído do objetivo de atender as necessidades físicas e anímicas do seu assistido. Ele necessita estar capacitado para interagir dando espaço para este se expressar, sabendo ouvir, ponderando quantitativa e qualitativamente essa escuta, que é tão importante, que muitas vezes é o modulador da interação terapêutica.
Quando se amplia essa escuta abrangendo os verdadeiros motivos, que determinaram o distúrbio sejam eles físicos,existenciais ou biográficos, pode-se até, com bom senso, prescindir de tecnologia exagerada, contribuindo inclusive para desonerar os serviços públicos de saúde, por exemplo. Por outro lado, a própria responsabilidade com a saúde, quando se consegue essa interação, é dividida entre o terapeuta e seu paciente; os cuidados, o cumprimento das orientações passam a ter maior adesão quando se estabele o “vínculo de relação”, podendo levar a um percentual de sucesso de tratamento consideravelmente maior.
Assim, o profissional de saúde e seu assistido, acabam por formar um binômio que se constrói e reconstrói constantemente nos vários encontros, formatando suas próprias identidades, percepções e aprendizados mutuamente. Sim, é bem verdade que o terapeuta consciente aprende e muito com o desenvolvimento dessa interação.
São muitas as implicações desses processos para o repensar e reconstruir das práticas de saúde públicas ou privadas.
Faz-se necessário atentar cada vez mais para as verdadeiras raízes dos adoecimentos individuais e coletivos e preparar os profissionais de saúde para conhecer globalmente o desenvolvimento humano, o que lhes conferirá outras ferramentas que não somente as tecnológicas (que são muito bem vindas quando ponderadas).
A reflexão sobre os significados éticos, morais e políticos das práticas de saúde deveriam ser uma constante nas instituições de ensino nessas áreas, formando desde cedo uma consciência na direção da humanização para a saúde.
A técnica e a consciência formam então um par perfeito na formação da competência do profissional de saúde nesses tempos históricos de mudanças e reconstruções.
Em última análise, em verdade, quando se instala uma doença, poder-se-ia dizer que ocorreu uma “quebra” do processo que mantém o SER (estado) HUMANO.
O retorno à condição humana (re-integrar, tornar inteiro) seria a verdadeira cura. Os profissionais de saúde precisam ser alimentados com conhecimentos e vontade firme, no sentido de promover competente e amorosamente essa religação.
Elaine Marasca Garcia da Costa é médica pneumologista com formação em Medicina Antroposófica e Mestre em Educação, coordenadora do Lucas Terapeuticum Desenvolvimento Humano e presidente da Liga dos Usuários e Amigos da Arte Médica Ampliada.
Serviço:
Práticas Humanizadoras para a Saúde é o tema do curso de Pós-Graduação Lato Sensu: Antroposofia na Saúde, oferecido pela UNISO -Universidade de Sorocaba e ABMA -Associação Brasileira de Medicina Antroposófica. O curso terá duração de 13 meses com início em março de 2007 e aulas nos finais de semana a cada 3 semanas.
Informações e inscrições pelos tels (15) 2101 4045 / (15) 3212 4404.

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