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QUALIDADE DE VIDA DURANTE A DOENÇA - Dr. Nilo Gardin

Publicado no Periodicum Weleda nº 43 – Primavera de 2007

Quanto mais materialista tem se tornando nossa sociedade, mais se tem valorizado as medidas quantitativas, o que também tem sido uma tendência na medicina. Não se pode, porém, reduzir a abordagem do ser humano exclusivamente a números, como os resultados de exames laboratoriais, a medida da pressão arterial, a quantidade de calorias que se ingere, os valores em graus da febre etc.
Obviamente que esses dados são importantes, mas não são os únicos a serem considerados.
Sabemos que a visão e a compreensão mais completa do ser humano precisa levar em conta outros aspectos, como qualidade de vida, equilíbrio emocional, vontade de viver, sensação de bem estar etc. Para tudo isso, mais adequado que uma avaliação numérica e fria é um olhar humano e sensível.

Questões qualitativas

Muitos conceitos da medicina antroposófica estão baseados na visão qualitativa do ser humano, em que não se aplicam números.

Para citar apenas três, considera-se essencial avaliar o calor do corpo, a qualidade do sono e a percepção que a pessoa tem de sua enfermidade.

Manter o corpo aquecido, especialmente nas extremidades, é muito importante para quem tem enfermidades degenerativas ou para quem quer evitá-las, como artroses. Uma articulação enferma deve estar sempre aquecida, e não só ela, mas todos os membros. As pessoas que têm doenças que não cursam com febre, como alergias e tensão pré-menstrual, se beneficiam muito do aquecimento de seu corpo, tanto de dia quanto à noite. Aquele antigo e sábio conselho da vovó, de não colocar o pé descalço no chão em dia frio, deveria ter entrado nos livros modernos de medicina.

Exercícios físicos também aquecem e fazem o corpo transpirar, função importantíssima para a desintoxicação. Manter atividade física diária, mesmo uma simples caminhada, pode evitar problemas tão sérios como a depressão, a obesidade e a doença coronariana.

O valor do sono é maior do que se pode imaginar. A maioria das doenças típicas de nossa época sofre influência da qualidade do sono que se tem ou que se deixa de ter: estresse, ansiedade, hipertensão arterial, infecções de repetição, doenças alérgicas. Sem sono adequado, em qualidade e em quantidade (cerca de oito horas por noite), não ocorre a revitalização apropriada do organismo e as forças do desgaste predominam, levando ao envelhecimento físico e mental precoce.

A percepção da doença: existe um sentido em adoecer?

Muitas vezes só diante de uma enfermidade acordamos para algo inadequado que vínhamos fazendo com nosso próprio ser. Por isso, deveríamos aproveitar o que a doença pode nos trazer de bom, por mais grave e debilitante que seja.

Segundo Rudolf Steiner, filósofo social que lançou as bases da antroposofia e que fundou o Laboratório Weleda, toda enfermidade é um dom do destino para nos induzir à reflexão. Mas qual reflexão se pode fazer durante uma enfermidade? Talvez a pergunta mais importante fosse: existe um sentido em adoecer?

O médico Aaron Antonovsky iniciou, na metade do século passado, um estudo sobre fatores que traziam resistência às pessoas e que, posteriormente, recebeu o nome de salutogênese. Um desses fatores identificados por Antonovsky foi a intencionalidade ou significabilidade, isto é, a capacidade de encontrar a intenção ou o sentido dos acontecimentos da vida, e por isso encontrar razão para neles investir energia e interesse. Segundo ele, não se trata de encontrar satisfação em tudo o que acontece na vida, mas de investir recursos para superar as situações com dignidade.

A intencionalidade não nos deve remeter a uma idéia de castigo, de punição, mas de transformação. Se alguém puder entender o significado da doença e aprender algo sobre si mesmo, corrigir um hábito insalubre ou refazer sua vida afetiva, por exemplo, terá mais chances de se curar. Mas mesmo que seja uma doença incurável, apenas controlável, ainda assim haverá um grande benefício para a qualidade de vida das pessoas que compreenderam a importância da intencionalidade.

Ao se compreender o sentido da enfermidade e a oportunidade que ela traz de transformação, deixamos de procurar, desesperados, a causa de todo o mal fora de nós mesmos, para achá-la em nosso transtorno. Segundo Goethe, cientista e poeta romântico, quando tomamos cada pessoa, cada acontecimento em seu verdadeiro sentido (intencionalidade), saímos de nós espontaneamente para voltarmos a nós ainda mais livres.

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